Índice
Introdução
Desde a origem da humanidade,
houve a arte que consistia em usufruir a própria terra (‘areia’/solo) para
criar certos objectos que, depois de algum tempo, o Homem começou a chamar de
arte. Mas porque o solo existe em diferentes tipos e camadas, um deles é a
argila, que às vezes pode-se confundir com barro, o requisito primordial para
se falar de ‘Cerâmica’, o tema deste
trabalho que visa abordar, de forma sumária, sobre a consistência da cerâmica
como arte de modelar e criar objectos com fins estéticos e de uso caseiro para
além de, em grande parte, ter uso noutras áreas como construção civil,
electricidade entre outras. Modelagem e Moldagem são palavras-chave a serem
desenvolvidas ao longo deste, nas vertentes artesanal e industrial desde o
material usado ao objecto resultante.
Fontes bibliográficas, para este
assunto, são inúmeras (em função da realidade e diversidade de técnicas de cada
região do autor). Mas estão patentes, na última página, algumas que foram de
maior exploração.
1 - CERÂMICA
1.1 – Conceito de Cerâmica
A palavra ‘cerâmica’ provém do
grego κεραμική "keramike" e seu significado é "feito com
argila". Portanto, ela é a arte ou técnica de produção de artefactos de
objectos tendo a argila como matéria-prima. Apesar de argila ser o principal
material para produzir cerâmica, outros elementos também podem ser usados em
misturas, que são manipuladas, moldando-os para dar-lhes forma, frio, mas
depois a acção do calor, endurecimento e torna resistentes e podem suportar
altas temperaturas e nenhuma oxidação, embora eles quebrar se cair ou bater com
um objecto duro.
1.2
– Historial da Cerâmica
Os
objectos cerâmicos têm sido utilizados pelo homem desde a revolução neolítica,
para fabricar vasos e ornamentos ou figuras, em muitos casos conectados com a
magia e a religião, com qualidades femininas exageradas. No início, por volta
do ano 6.000 (AC) já era necessário a produção de peças com argila e não só, para
armazenar os produtos do homem que se tornou sedentário e fazer cabazes mais
fortes que mantiveram suas provisões.
As peças de cerâmica, mais
antigas, são conhecidas por arqueólogos que encontraram-nas na Checoslováquia,
datando de 24500 (AC). Outras importantes peças cerâmicas foram encontradas no
Japão, na área ocupada pela cultura Jomon há cerca de 8 mil anos, porventura
mais. Peças assim também foram encontradas no Brasil na região da Floresta Amazónica
com a mesma idade.
A capacidade da argila de ser
moldada quando misturada em proporção correta de água, e de endurecer após a
queima, permitiu que ela fosse destinada ao armazenamento de grãos ou líquidos,
que evoluíram posteriormente para artigos mais elaborados, com bocais e alças,
imagens em relevo, ou com pinturas vivas que possivelmente passaram a ser
considerados objectos de decoração. Imagens em cerâmica de figuras humanas ou
humanóides, representando possivelmente deuses daquele período também são
frequentes. Parte dos artesãos também chegou a usar a argila na construção de
casas rudes. Em outros lugares como na China e no Egipto, a cerâmica tem cerca
de 5000 anos. Tendo destaque especial o túmulo do imperador Qin Shihuang e seus
soldados de terracota.
No Egipto, a arte de vidrar é datada
em cerca de 3000 anos (AC). Colares de faianças vidradas aparecem entre as
relíquias do III milénio, juntamente com estatuetas e amuletos. O mais velho
fragmento de cerâmica vidrada foi feito em policromia, trazendo o nome do rei
Mens do Egipto.
Outras manifestações importantes
na história da cerâmica foram os Babilónicos e os assírios que utilizavam cerâmica
com ladrilhos esmaltados em azul, cinza azulada e creme e ainda relevos
decorados (século VI ANE.), bem como os persas com sua fabricação de objectos
em argila cozida em alto brilho, e das cores obtidas misturando óxidos
metálicos, método usado ainda nos nossos dias.
Com o tempo, a cerâmica foi
evoluindo e ganhando os nossos dias, mas não sem contar com os esforços dos
gregos, romanos, chineses, ingleses, italianos, franceses, alemães e
norte-americanos. A esmaltação industrial teve início por volta de 1830, na
Europa Central.
Por muitos anos, as placas
cerâmicas foram conhecidas como sinónimo de requinte e luxo. Após a segunda
Guerra Mundial, houve um grande aumento da produção de revestimento cerâmico,
por consequência do desenvolvimento de novas técnicas de produção. Isso fez com
que os preços começassem a baixar, possibilitando a uma faixa maior de classes
sociais a condição de adquirir o produto cerâmico. Nesta época, as placas
cerâmicas eram utilizadas primordialmente em banheiros e cozinhas.
Com o passar dos anos, a
indústria cerâmica se desenvolveu com grande rapidez. Novas tecnologias,
matérias-primas, formatos e design foram desenvolvidos, o que proporcionou a
migração da cerâmica do banheiro e cozinha para outras partes da casa, ou
melhor, acabou migrando também para fora dos portões das residências, indo para
centros comerciais, aeroportos, hospitais, hotéis, entre outros locais. No
tocante da tecnologia actual, o uso da cerâmica não se restringe apenas aos
tijolos refractários, mas também em aplicações aeroespaciais e de tecnologia de
ponta, como na blindagem térmica de ônibus espaciais, na produção de Nano
filmes, sensores para detectar gases tóxicos, varistores de redes eléctricas
entre outros.
1.3 – Tipos de Cerâmicas
Alguns autores, dividem em 3
tipos de cerâmicas: artesanal, artística e industrial. No entanto, outros, que
defendem 2 tipos, referenciam a tradicional (que inclui cerâmica de
revestimentos, como ladrilhos, azulejos e também potes, vasos, tijolos e outros
objectos que não tem requisitos tão elevados se comparados ao grupo seguinte) e
avançada.
1.3.1 - Cerâmica tradicional
Dita como sendo artesanal, para
alguns autores, Feldspato, sílica e argila, são os três principais componentes
desta cerâmica. Fora destes, as cerâmicas podem apresentar aditivos para o
incremento de seu processamento ou de suas propriedades finais. Após submetida
a uma secagem lenta à sombra para retirar a maior parte da água, a peça moldada
é submetida a altas temperaturas que lhe atribuem rigidez e resistência
mediante a fusão de certos componentes da massa, fixando os esmaltes das
superfícies. A cerâmica pode ser uma actividade artística, em que são
produzidos artefactos com valor estético, ou uma actividade industrial, através
da qual são produzidos artefactos com valor utilitário. De acordo com o
material e técnicas utilizadas, classifica-se a cerâmica em:
a)
Terracota - argila cozida no
forno, sem ser vidrada, embora, às vezes, pintada;
b)
Cerâmica vidrada - o exemplo mais
conhecido é o azulejo;
c)
Grés - cerâmica vidrada, às
vezes pintada, feita de pasta de quartzo, feldspato, argila e areia;
d)
Faiança - louça fina obtida de
pasta porosa cozida a altas temperaturas, envernizada ou revestida de esmalte
sobre o qual pintam-se motivos decorativo.

Figura 1. Exemplo de cerâmica tradicional

Figura 2. Peças obtidas a partir da cerâmica artesanal (argila)
1.3.2 - Cerâmica artística
Com possível excepção do fabrico
de tijolos e telhas, geralmente utilizados na construção desde a antiguidade na
Mesopotâmia, desde muito cedo a produção cerâmica deu importância fundamental à
estética, já que seu produto, na maioria das vezes, destinava-se ao comércio.
Talvez por esta razão a maioria das culturas, desde seus albores, acabou por
desenvolver estilos próprios que com o passar do tempo consolidavam tendências
e evoluíam no aprimoramento artístico, a ponto de se poder situar o estado
cultural de uma civilização através do estudo dos artefactos cerâmicos que
produzia.
Fora da cerâmica para a
construção, a cerâmica meramente industrial só ocorreu na Antiguidade em
grandes centros comerciais, iniciando vigorosa etapa com a Revolução
industrial. Com a utilização da porcelana, a cerâmica alcançou níveis elevados
de sofisticação.

Figura 3. Obra artística
(cerâmica)

Figur4 4. Barro, consequência da
cerâmica artística
1.3.3 - Cerâmica industrial
A indústria cerâmica é
responsável pela fabricação de pisos, azulejos e revestimento de larga
aplicação na construção civil, bem como pela fabricação de tijolos, lajes,
telhas, entre outros. Ainda, o sector denominado ‘cerâmica tecnológica’, é
responsável pela fabricação de componentes de alta resistência ao calor e de
grande resistência à compressão. Actualmente a cerâmica é objecto de intensa
pesquisa tendo em vista o aproveitamento de várias das propriedades físicas e
químicas de um grande número de materiais, principalmente a sem condutividade,
supercondutividade e comportamento adiabático.

Figura 5.
Tijolos/blocos-resultado de uma cerâmica industrial
1.2 -Conceito e caracterização da modelagem
Modelagem é a criação de modelos
ou formas que podem ou não ser usados como molde. Sendo um processo, na
cerâmica é feito através da adição de material que vai sendo trabalhado para se
chegar à forma desejada pelo modelador/escultor. (ver figura 3 – o oleiro)
1.3 - Técnicas e materiais aplicados na modelagem (bola, rolo, placa)
Modelar é dar forma (modelo) a
qualquer matéria plástica. Na cerâmica artesanal ou artística, usa-se mais, os materiais
para modelagem tais como: placas, rodas, bolas, chapas, rolos, pranchas, anéis
de orna e outros materiais de género. Na cerâmica industrial, a modelagem é
baseada em diversos materiais tecnológicos (que facilitam a reprodução dos
objectos) mas que visam atingir o mesmo objectivo: criar modelo.
A modelagem de barro é a mais
reconhecida em toda história do mundo. Cada região tem na sua modelação de
figuras em barro uma simbologia própria representativa das formas de vida, das
suas lendas, ligadas à sua maneira de ver e de sentir.
1.4 - Materiais modeláveis (barro, papel, serradura, plástico)
Na natureza, encontramos muitos
e variados materiais fáceis ou difíceis de modelar mas não impossíveis.
Independentemente do mecanismo, artesanal ou industrial, os materiais
modeláveis são aqueles que, aquecidos ou molhados, podem permitir a criação de
um molde. De entre eles, pode-se destacar: farinha (molhada), barro, serradura,
argila, gesso, plástico, seiva de algumas árvores, papel (pasta), lã, madeira,
metal e muitos outros.
Alguns desses materiais, têm a
origem vegetal, animal, mineral e sintética. Contudo, os materiais distinguem-se
uns dos outros pelas propriedades mecânicas que os caracteriza que são:
a)
Resistência ao esforço – é a capacidade de um
material opor resistência a determinada força que lhe venha a ser aplicada;
b)
Elasticidade – é a capacidade de certos
materiais retomarem a sua forma primitiva, após terminar a secção da força que
os deforma:
c)
Plasticidade – capacidade dos
materiais em se deformarem por pressão, conservando sem rupturas a sua forma;
d)
Dureza – resistência que os
materiais oferecem ao serem trabalhados, ou ao se deixarem penetrar por outros;
e)
Tenacidade – propriedade dos
materiais em resistir a esforços lentos e progressivos como os de compressão,
tração ou flexão.
1.5 -Vidrados
É o processo de produção de
modelos ou objectos usando, como material (de revestimento), o vidro (sujeito a
uma certa temperatura elevada). Nesta fundição, é usada um objecto cerâmico com
finalidade decorativa, de melhoria das propriedades mecânicas ou
impermeabilização. Portanto, vidrado é o mesmo que coberto de vidro (camada).
Em ciência dos materiais o vidro é uma substância sólida e amorfa, que
apresenta temperatura de transição vítrea. No dia a dia o termo se refere a um
material cerâmico transparente geralmente obtido com o resfriamento de uma
massa líquida à base de sílica.
Em sua forma pura, o vidro é um
óxido metálico super esfriado transparente, de elevada dureza, essencialmente
inerte e biologicamente inactivo, que pode ser fabricado com superfícies muito
lisas e impermeáveis. Estas propriedades desejáveis conduzem a um grande número
de aplicações. No entanto, o vidro geralmente é frágil, quebra-se com
facilidade. O vidro comum se obtém por fusão em torno de 1.250 ºC de dióxido de
silício (SiO2), carbonato de sódio (Na2CO3) e carbonato
de cálcio (CaCO3).
1.5.1 - Moldagem em vidro
Segundo Pedro Manoel do
Nascimento, Professor do curso Moldagem em Vidro para peças decorativas e
laboratório do CPT – Centro de Produções Técnicas, e Técnico em Hialotecnia da
Universidade Federal de Viçosa, esta é uma actividade que possui amplo mercado,
exige investimentos iniciais baixos, representando uma excelente alternativa de
renda.
Para trabalhar com moldagem em
vidros, é necessário dispor-se de um local próprio, onde os equipamentos possam
ser instalados e os materiais guardados com segurança. A moldagem de peças
decorativas, simplesmente, necessita de um cómodo da própria residência. Já, no
caso de se trabalhar com a fabricação de peças para laboratórios, geralmente,
torna-se necessário dispor-se de um espaço um pouco maior, uma vez que será
necessário instalar pelo menos um torno e uma máquina de corte. Os principais
materiais utilizados na moldagem de vidro são: Botija de gás, Maçarico de gás,
Mesa, Cadeira, Óculos, Recipiente para colecta de lixo. Tubos de vidro
1.5.1.1 - Processos básicos param a moldagem
Existem processos que são básicos para realizar a moldagem
definitiva de qualquer peça. É muito importante praticar-se as seguintes
operações, caso de vidro:
a) Manuseio correto do tubo de vidro durante o aquecimento
Consiste em manter o tubo de
vidro girando, na mesma velocidade, e na presença do fogo, para que o
aquecimento seja realizado de maneira uniforme ao redor do tubo. Com isso,
consegue-se obter deformações homogéneas do tubo, o que resultará em uma
moldagem bem elaborada.
b) Puxamento do tubo de vidro
Esta etapa consiste em aproveitar
o momento em que o tubo de vidro estiver sendo fundido, para realizar o
alongamento do trecho aquecido. Esta é uma etapa comum a quase todas as peças
decorativas, e deve ser executada sempre girando a peça, para que o trecho
puxado fique o mais recto possível.
A moldagem, por exemplo, de
bulbos, mediante aquecimento de trechos do tubo de vidro e do sopro em uma das
extremidades, também é uma tarefa muito comum na moldagem das peças
decorativas. Nesse caso, é muito importante praticar o manuseio do tubo, uma
vez que a intensidade do sopro, combinada com a forma como a peça vai sendo
girada, puxada para a frente ou comprimida, oferecem opções de moldar bulbos
com formatos diferenciados.
1.6 - Queima artesanal e industrial
A queima dos objectos moldados
ou modelados ocorre de forma artesanal ou industrial, dependendo do tipo de
cerâmica, onde os mesmos (objectos) são sujeitos à altas temperaturas para a
obtenção final das formas. No caso de barro, por exemplo, usa-se lenha,
antecedida de uma vaporização do objecto a queimar
. 

Figura 6. Secagem
(momentos antes da queima artesanal)

Figura 7. Queima
artesanal

Figura 8. Queima
industrial
1.7 - Introdução a moldagem
É a criação de molde a partir de
um modelo (modelagem), processo mecânico onde são obtidas peças utilizando matéria-prima
não solida. Esta matéria pode estar em formato líquido, de pó ou de argila. No
caso de pó, a solidificação pode ser feita através da adição de um líquido
aglomerante ou por aquecimento. As vezes, pode acontecer pelo simples contacto
com o ar.
A obtenção do molde e posterior
modelo de estudo em gesso é um procedimento crítico e, como em qualquer outro
trabalho odontológico, todos os passos são de igual importância. Entre eles,
está a correcta selecção e emprego dos materiais e técnicas utilizadas. Para
isto se faz necessário o conhecimento de alguns conceitos. Daí que moldagem é o
acto técnico de se obter impressão ou molde de uma estrutura ou superfície.
1.8 - Caracterização da moldagem artesanal e industrial.
Foi na moldagem artesanal, onde,
por ser um processo exaustivo e lento, que se pensou na possibilidade de uma
moldagem industrial. Esta moldagem (a industrial), possui um custo reduzido,
mas apresenta alguns inconvenientes como por exemplo: moldados de parede
espessa geralmente resultam em núcleos mal curados, ou então exigem um tempo
excessivo de moldagem; quando existem grandes variações de espessura nas paredes
de uma peça, as paredes mais finas podem ficar sobre curadas; inserções
delicadas em moldes complexos são sujeitas a se quebrar facilmente. Enquanto na
artesanal o processo é manual, na industrial é com máquinas apropriadas.

Figura 9.
Modelagem artesanal

Figure 10.
Consequência de uma modelagem industrial
Conclusão
Grandes
partes das residências, objectos de uso comum e individual e não só, são
resultados da aplicação de cerâmica. Existindo os moldes de modelagem artesanal
e industrial, há possibilidade de se obter objectos de forma lenta e rápida
dependendo do recurso (à mão ou máquina). Modelar vidro (a partir da sua forma
líquida), requer um molde, algo que é diferente de materiais modeláveis como
papel, barro, silicone e outros de fácil manuseamento (em que é opcional usar
modelo). Afinal, é possível criar obras artísticas a partir de argila mas, como
a maioria das obras (estéticas/artísticas) só servem para observá-las e
contemplá-las, é ideal usar a argila para fins lucrativos imediatos fazendo
(para depois queimar) peças ou objectos tais como: pratos, copos, tijolos,
panelas e tudo que, usando à mão (artesanal) pode ser útil. Para além das/dos
feitos/as industriais.
“I will only use clay
to be observed when I will be steady economically”(Só usarei argila para ser observada quando eu estiver
estável economicamente) [JEANTH GREAND]
Bibliografia
ARNHEIM, Rodolfo. Arte
e Percepção Visual, São Paulo: Pioneira/EDUSP, 1997.
AVELLAR, José Carlos. Imagem
e Som, Imagem e Acção, Imaginação, Paz e Terra, 1982.
COELHO,
Maria Paula; Um mundo, Uma história, 7º
Ano; 1ª edição, Didáctica Editora, Lisboa. 1995.
DONDIS, Donis A. Sintaxe
da Linguagem Visual, São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FARINA, Modesto. Psicodinâmica
das cores em comunicação, São Paulo: Edgar B., 2006.
GOMES FILHO,
João. Gestalt do Objecto: Sistema de
Leitura Visual da Forma, Escrituras, 2001
Sem comentários:
Enviar um comentário