Introdução
Toda
cultura pode ser considerada entre dois extremos: um estado de estabilidade e
outro de mudanças, razoes pela qual tomamos este trabalho com o titulo de “Dinamismo Cultural”. Nele estão dispostos
os aspectos culturais, suas características e os processos de enculturação. Como
o trabalho objectiva-se de forma geral: conhecer
dinamismo de uma cultura;
Tendo como objectivos específicos:
- Caracterizar os aspectos culturais;
- Analisar os processos de aculturação, enculturação e desculturação;
Apresenta uma introdução, um desenvolvimento disposto de
conceitos, conclusão e as referências bibliográficas que serviram de base de
sustentação.
A elaboração e concretização
deste trabalho resultaram, da pesquisa bibliográfica e seguida de uma análise,
selecção e compilamos dos conteúdos encontrados e recolhidos
A cultura como processo
Neste
capítulo queremos englobar todo o processo cultural tendo como objectivo
principal mostrar que as culturas estão sempre em mudanças. Mesmo aquelas
culturas que parecem estabilizadas e inertes, também elas estão em permanente
movimento. E nossa intenção é traçar as linhas gerais do comportamento cultural.
Uma
maquina, deve ter todas as peças completas; uma vez completada a sua composição
será necessária pô-la a funcionar desta maneira e que será útil nas mãos de
quem use. Isto ajuda-nos a compreender melhor os dois aspectos da cultura, o da
estabilidade e o da mudança.
Consideremos
a cultura não tanto como algo acabado e definitivo, mas sim como algo em
contínuo aperfeiçoamento, com duas componentes estruturais: a componente da
estabilidade e a mudança, duas componentes de uma única realidade. Pensemos,
por exemplo, em uma serie de fotografia de uma mesma pessoa em diferentes
momentos da sua vida; as imagens que se aparecem não identicamente iguais;
notam-se certas transformações entre elas; mas, há algo que se une a todas, uma
espécie de fio condutor que as identifica todas como sendo a imagem da mesma
pessoa.
Assim
também acontece analogicamente na cultura. Ela cresce, se desenvolve, se
transforma, mas sem deixar de ser a ela mesma, mantendo a identidade nuclear.
Há, de facto, algo que a identifica, e as outras coisas que vão desaparecendo e
outras que vão aumentando. O conceito estático de cultura não é completa.
Interessa saber como a estabilidade institucional e mantida. Estudaremos
institucionalizada com o processo correspondente, isto é, a endoculturação ou
inculturação, que e o que consideramos o aspecto sincrónico da cultura.
Na
seguinte parte, estudaremos os aspectos diacrónico da cultura, isto é, mudança
cultural, com o processo que lhe são próprios, descoberta, invenção, difusão,
aculturação, deculturação e globalização.
Aspectos Sincrónicos
a) Aspectos gerais
O
primeiro processo fundamental da cultura é a tradição, processo pelo qual
através do tempo e do espaço se transmite o património cultural de uma
determinada sociedade de geração em geração. Esta transmissão é uma acção
dinâmica e o processo de conversação é de contínua interpretação de coisas já
existentes. A tradição, pois, não significa aceitação passiva ou inércia, mais
sim perpetuação activa de valores essenciais;
Podemo-nos
perguntar em que medida se mantém a tradição no correr do tempo, pois
assistimos a perca de permanentes traços culturais mais ou menos profundos, até
meio aparentemente isolado.
Com
uma observação mais apurada chegamos as seguintes conclusões:
a) Não existem, de facto, culturas que se
renovem radicalmente no período de uma ou mais gerações;
b)
Ao
mesmo tempo, não existem culturas de tal modo imóveis, que não sofram nenhum
tipo de mudança;
c)
Nas
culturas dá-se normalmente a tendência a manter a tradição, sem excluir as
mudanças;
d)
A
cultura não é algo tão rígido que obrigue os indivíduos a repetir mecanicamente
o que se receberam da tradição, ela é compreendida como fluxo perene;
e) Embora os indivíduos se importem fiéis
a tradição não agem repetindo mecanicamente as formas da tradição, eles
acrescentam sempre algo novo e próprio.
A
persistência se deve principalmente: em 1º lugar, a disposição do homem em
imitar espontaneamente as acções e atitudes mentais dos seus semelhantes; e, em
2º lugar, a acção persuasiva e compulsiva da educação e opinião publica.
A
tradição representa a força conservadora por excelência de qualquer povo, que
tende perpetuar os aspectos culturais em formas estáticas. E a única das
componentes da dinâmica cultural que age neste sentido.
Características
Em
relação aos aspectos da estabilidade:
Estabilidade sociocultural: os estudiosos ao tentarem explicarem os porque da
estabilidade sociocultural das populações concluíram que as mesmas são
dirigidas por uma normativa garantida pelas sanções sociais;
Função normativa: as normas sociais (leis, tradições, usos e costumes)
são impostas aos membros das sociedades com objectivo de dar estabilidade e
coordenar as suas actividades; por exemplo, a normalíssima linguística garante
a comunicação e o entendimento no interior do grupo social, isto é, para a
estabilidade da comunicação entre os membros dessa sociedade é necessário ter
em conta a distinção entre pua e padrão (normal) entre sociedade e cultura;
Função de controlo social: consequentemente, a cultura tem como uma das suas
funções mais importante a do controlo social, tendo em vista funcionamento da
sociedade da comunicação e o restabelecimento da ordem social, através de uso
de poder judicial e das sanções;
Carácter institucional: é possível contactar o carácter institucional,
padronizado, repetitivo e relativamente fixo da cultura; podemos consta-lo nas
instituições, nas leis, nas regras, nos usos, costume de um determinado grupo;
o mesmo acontece na linguagem e na simbologia; temos modos consagrados, estáveis,
de agir e de dizer as coisas; a própria comunicação entre os membros de um
determinado povo exigem um padrão bastante fixo de símbolo linguístico, de modo
a permitir a compreensão do que se quer transmitir;
Padrões de comportamento: a manutenção de padrões de comportamento atende a
necessidade de prover a sobrevivência das populações; para qualquer
circunstancia da vida, a cultura tem um padrão de comportamento adequado as
necessidades sentidas nesse determinado momento.
A
cultura não é a única responsável pela manutenção da estabilidade da sociedade
ou do convívio social. Seria sobrestimar o carácter normativo e continuativo da
cultura, atribuindo-lhe exclusividade nesta dimensão. A estabilidade social
deve-se também, além da cultura, a acção de elementos bio-psicologico, social e
da natureza, por exemplo: a lógica do sentimento, o domínio do inconsciente, o
equilíbrio social a influência da natureza (há movimento regular: as estações
climáticas, o sistema planetário, as formas de minério, etc.). Tudo influencia,
o ser humano, a cultura, o cosmo, o tempo e espaço.
Processo de inculturação
O
antropólogo italiano B. Bernardi, ao definir enculturação, salienta o aspecto
de processo de aprendizagem, com objectivo de alcançar maturidade dentro do
próprio grupo social: “processo
educativo pelo qual os membros duma cultura se tornam conscientes e
com-participantes da própria cultura”.
O
americano M. Herskovits na sua definição de enculturação salienta que é um
processo, isto é, um período que dura toda vida e que é exclusivamente humano,
semelhante a um tirocínio de instruções e de experiencia vital: “os aspectos de
experiencia de aprendizagem que distingue o homem de outra criatura e por meio
dos quais, inicialmente, e mais tarde na vida consegue ser competente em sua
cultura”.
O
antropólogo italiano V.L. Grottanelli afirma que a criança ao nascer encontra a
sua volta uma cultura já formulada completamente, que, conforme vai crescendo
assimila lenta consciência. Este processo chamado “enculturação”, é definido
por este autor como “processo através pelo qual todo individuo adquire do seu
grupo social todo necessário para sua plena inserção na sociedade a que
pertence”.
Trata-se
de um processo de ajuntamento de respostas individuais aos padrões de cultura
de uma sociedade. É um processo complexo:
·
Constitui
um processo de condicionamento consciente ou inconsciente que se efectua,como
afirma M. Herskovits, dentro dos limites sancionados por determinado aspecto de
costume; por esse processo se consegue: todas as adaptações a vida social; todas
as satisfações derivada da expressão individual; através desse processo o
individuo se habitua ao modo de vida do seu grupo, aprendendo as suas formas de
comportamento;
·
É
o mecanismo dominante a ordem a formação da estabilidade cultural, dai a sua
importância no panejamento dos padrões da vida;
·
É
inegável a sua importância para formação da personalidade do indivíduo;
·
A
margem da aceitação ou repulsão consciente aumenta constantemente a medida que
o individuo se desenvolve;
·
O
processo começa com o nascimento do indivíduo; acompanha-o ao longo das várias
fases da vida e estende-se até a morte;
A
cultura não é tramitada biologicamente, mas é através de uma serie de processo
entre quais este não ocupa neste momento, a enculturação ou endoculturação.
Apresentação esquemática da prevalência de factores biológicos e dos
culturais, segundo a fase do processo:
O
processo começa com o nascimento e acaba com a morte da pessoa. Dura, pois,
toda vida, porem há fase fundamental mais intenso do que outros.
Ao
nascermos dependemos do factor biológico, numa percentagem que podemos
considerar 100%,enquanto é mínima a influência do factor cultural, 0,05% por
exemplo não dominamos nosso comportamento, não sabemos nos alimentar, andar, nem
falar; dependemos totalmente dos outros; temos que aprender tudo, temos que
aprender a fazer tudo, a começar por mais insignificante; temos que aprender
afazer as coisas, a comunicarmo-nos com os outros, a dominar os nossos
instintos, a nossa vontade, as nossas inclinações, a nossa liberdade.
Na
segunda fase; continua ser muito forte a influência do factor biológico (temos
fome logo choramos…). Mas conforme vamos crescendo, vai diminuindo no nosso
comportamento a componente biológica e contemporaneamente vai crescendo a
influencia dos factores culturais. Começamos a assimilar sons e a pronunciar as
primeiras palavras; assimilamos cores, gravamos primeiras imagens. Nessa dá-se
máxima assimilação. Vamos entrar lenta mas progressivamente nos padrões comportamento
da sociedade, a que pertencemos. Nessa fase quando mais maior for a
assimilação, melhor será o processo atingido plenamente o seu objectivo é de
integrar-nos plenamente na sociedade.
Na
juventude e na idade adulta, diminuímos fortemente a influência dos factores
biológicos, enquanto vai aumentando o factor da cultura, cada vez com maior
dose de consciência, vontade e liberdade. Não assimilamos só padrões de
comportamento e as respostas as necessidades de subsistência, assimilamos mais
outras que fazem referencia aos valores e significados do que fazemos, ao mundo
dos símbolos e dos rios, e as atitude interna de responsabilidade, código moral
e de referencia ao transcendente. Nesta fase chegamos ao domínio da cultura
sobre os factores biológicos.
Já
na fase final, praticamente não se dão mais mudanças. É a fase da maior
estabilidade, pois foram assimilados a maior parte dos padrões de comportamento
e dos valores que compõe a cultura. O processo ainda continua até a morte mas
dificilmente se dão mais mudanças. O indivíduo já assimilou tudo ou quase tudo
(nunca podemos dizer que assimilou o 100% da cultura), pois ninguém pode
dominar completamente todos os aspectos da sua cultura.
Passos do processo
1. Assimilação: assimilação de comportamento padronizado que a
criança pode observa a sua volta;
2.
Conformação a tendência é absolver o máximo de cultura e conformar o
comportamento com ela;
3.
Aprendizagem dos símbolos: aprender todos os dispositivos
simbólico que lhe permitira a criança comunicar-se com os outros membros da
sociedade e tornar-se apta para o processo intelectual, sensitivo e volitivo;
4.
Aquisição de hábitos: a criança adquirira hábitos e
costumes, seu, movimentos biológico e sofrera uma mudança progressiva que
transfomará seu comportamento de 100% biológico ate ao ponto máximo de 100%
cultural. Mas nenhum ser humano alcança tal extremo embora todos os recém
nascidos seguem rumo igual de nascimento à maturidade;
5.
Interpenetração: no homem, todos os fenómenos
inorgânico, biológico e psicológico está marcado pelo selo da cultura; dá-se
uma interpenetração de todos eles; e não é fácil distinguir ate aonde vão uns e
outros; todos esses fenómenos torna-se humano isto é fenómeno especiais e
típico da vida humana conformado pela cultura;
6.
Direcção: o processo da enculturação entende-se por toda vida do
indivíduo e apresenta variações e intensidade diversa:
a)
Na
infância, revestem-se de muita importância as primeira experiencia e contacto
com a cultura (os condicionamento fundamentais tais como comer, dormir, falar, etc.);
com este processo a criança vai modelando a sua personalidade; aceita-se todas
as mensagens da cultura;
b)
Na
idade adulta: o processo torna-se mais cosciente, pelo que pode dar se a
aceitação ou a repulsa; muitos aspecto se aceitação em função da cultura
anteriormente interiorizada (ou reformulada);
c)
Na
velhice: raramente se aceita uma reformulação, pois a cultura interiorizada
esta como que cristalizado tornado impermeável a nova sugestões.
A
endoculturação e muito importante tornar o indivíduo membro ajustado a
sociedade. Rigorosamente, o processo que estudamos, especialmente nos primeiros
anos, reveste-se de um carácter impositivo, isto é, a cultura sobre impõe-se ao
indivíduo: os recém-nascidos já mais escolhem os valores cultura que vão
assimilando; isto seria a todas a luzes impossíveis porque não podemos conceber
a opção a uma criancinha que não conhece se quer o dispositivo simbólico da sua
cultura;
7. Determinismo:
pode se falar de um determinismo cultural ao falarmos do comportamento humano;
uma criança recebe todo um conjunto de experiencia já consagrada pela cultura;
tem que aprender o idioma que se usa no seu grupo e comporta-se como se fazem o
outro membro da sociedade. No momento em que ela começa a fazer o uso das suas
faculdades mentais, o faz segundo os valores culturais interiorizado, isto é,
baseada na sua cultura aprendida. E mesmo já adulta, a conduta pessoal é
consciente do indivíduo não deixa de ser um a expressão da cultura.
O
homem, uma vez enculturado, jamais deixará de ser um agente da sua própria
cultura. Mas mesmo assim, na idade adulta este processo torna-se maleável,
fazendo um conjunto misturado de formação e reformulação. A cultura penetra
toda a vida do indivíduo, pois ela modela não só o seu comportamento puramente
biológico, mais também psicológico.
Aspecto Diacrónico
A
história demonstra que não há, e talvez nunca as houve, povo totalmente isolado
sem nenhuma interferência cultural do exterior. Ate povo considerado
completamente fechado, os antropólogos constataram a presença de elemento não
originário misturado com o núcleo cultural permanente. Pode ser traços
linguísticos, de alimentação, de manuseamento de alimentos, técnico e
instrumento de trabalho, instituições e ritos. Pelo que podemos afirmar que
sempre se deram contactos culturais entre os povos, desde a origem da
humanidade, e que tais contactos provocam mudanças culturais.
A
história também nos ensina que, através do processo próprio, as culturas mudam
e se transformam e que outras culturas desaparecem. Há, de facto culturas que
desapareceram através de dominação política, de guerras, da colonização, de
genocídio, da imposição cultural, do comércio de escravos. Há exemplo de
desaparição de culturas em todos os continentes e nas mais diversas épocas da
história: A título de exemplo lembremos culturas de Algarvias e etruscas, na
Europa; a bereberes e bosquimanes na África; aztecas e maias, na América; e
tantas outras na mais diversas parte do mundo, devido a expressão do impérios
dominantes na época: Alexandre na antiga Ásia; o império romano, domínio persa,
a expressão mongol, o colonialismo europeu, as migrações bantus, a dominação
árabe, a expansão da china, da Rússia e da América.
Outras
culturas, não obstante os abateres da história, se mantiveram vivas, adaptando-se
e reformulando-se; e outras ainda se misturaram de tal maneira que originaram
novas cultuáramos. Constatamos os factos e as consequências culturais. Através
dos encontros dos endoles militares, politicas, económicas ou culturais dão-se
as mudanças nas culturas.
A
este ponto, podemo-nos interrogar: porque mudam as culturas? Quais são as causa
se as modalidades? e os processo?
As
culturas mudam por factores endógenos, através do processo da invenção e da
descoberta; e por factores exógenos, por meio dos processo de difusão, de
aculturação e globalização. Todos estes processo incluem principalmente
contacto de primeira mão entre as sociedades.
A
mudança e conflito cultural são característicos normais dos sistemas sociais,
não menos do que o equilíbrio e a harmonia. O problema não está em se achar
harmonia e o equilíbrio bons para cultura e a sociedade, e mudança e o conflito
perniciosos. Ninguém pode negar existência de conflito em todas sociedades. Mas
podemos que aquelas sociedades mais isoladas passam por uma menor quantidade de
conflitos. E quanto mais complexa for a sociedade, maior capacidade terá de
absorver conflitos. Encontramos duas orientações básicas em tomo ao problema da
mudança que congregam a maioria dos teóricos no assunto:
a) O determinismo económico (orientação
marxista), que evidencia a permanência de conflito em qualquer sociedade; os
conflitos originam a posição entre duas sociedades; o dinamismo do conflito
como motor da história; e os factores estruturais internos (engendradas pelo
próprio funcionamento da cultura), e externo (intervêm do exterior do sistema)
das mudanças culturais;
b) Quanto ao determinismo cultural, M.
Weber tenta demonstrar como os valores culturais podem, determinar um tipo de
economia. O que para Marx e causa, para Weber e o efeito. Nós, sem nos inclinar
por uma ou outra teoria, registamos ambas posições que iluminam de facto, desde
ângulo diferente toda a questão, ou em parte, da mudança cultural dos povos.
A
descoberta e a invenção constroem os pontos de partida para todo o do
crescimento e das modificações culturais e são fenómenos que promovem a mudança
e a transformação da cultura (R. LINTON). Com estes fenómenos tenta-se
responder ao interrogativo de como nascem os elementos culturais.
R.
LINTON defini a “descoberta”como todo acréscimo de conhecimento; e a “invenção”
como toda aplicação de conhecimento vejamos um facto banal da vida que nos pode
ajudar a compreender melhor esta definição: imaginemos uma criança que, puxando
a cauda de um gato, descobre que o animal tenta morde-la; numa outra ocasião, a
mesma criança, depois da experiencia feita (“descoberta “: acréscimo de
conhecimento), ao ver alguém com um gato nos braços, puxa-lhe da cauda para que
ele morda na pessoa referida (“invenção”: aplicação do conhecimento).
O
antropólogo R. B. DIXON define a “descoberta” como reencontro acidental de uma
coisa anteriormente não observada; e a “invenção”como a criação deliberada de
algo radicalmente novo com uma finalidade definida.
Este
autor sublinha a importância do factor necessidade para a invenção, alem de
mais outros critérios: - possibilidade, no sentido de que e necessário que no
contexto social existiam que se possam usar para um determinado fim;
observação, referindo-se à necessidade de que seja reconhecida a utilidade da
tal coisa desejada; imaginação, querendo indicar a acção do interior, que
avalia a utilidade potencial e a põe a render.
Características comuns
O
s termos “descoberta” e “invenção”, associam a ideia de novidade. Em ambos os
casos se trata de elementos culturais novos que surgem de dentro do complexo
cultural de uma determinada cultura. Por exemplo: reconhecemos determinados
elementos culturais como sendo invenções indianas, chinas, russas, americanas.
etc. Isto nos leva a distinguir elementos culturais inventados ou descobertos
dos elementos culturais tomados por empréstimo de outras culturas. Os elementos
que provem de outras culturas aparecem com forma e funções já desenvolvidas.
Características próprias
Popularmente fala-se de descobertas, como resultados do
acaso; e de invenções, como resultado intencional mas esta destinação não
satisfaz, pois, por exemplo, a descoberta de um novo elemento químico é fruto
de todo um processo deliberado e completamente baseado em motivações.
É
mesmo nas descobertas casuais, o factor importante desde o ponto de vista
cultural, não é um reconhecimento de um fenómeno ate então desconhecido; mas
sim a percepção do que este fenómeno implica e a compressão de seu potenciais
de aplicação. Sem esta de processos, afirma R. LINTON, a descoberta permanecera
uma informação isolada, ficando desprovida de qualquer significado social.
O
mesmo autor apresenta o exemplo de compostos químicos, cuja existência é
conhecida, mas para os quais não se encontrou aplicações. São elementos
latentes, disse ele, que só se tornarão activos funcionais, quando algum
inventor descobrir um meio de combina-los com outros conhecimentos em ordem a
produzir resultados socialmente significativos.
Quando
uma sociedade encontra num ambiente natural novo que toma impraticáveis algumas
das suas técnicas económicas, as soluções melhor e mais frequentes na história
das mudanças culturais não é invenção, mas tomar por empréstimo o elemento
desenvolvido por outras culturas.
As
culturas incluem exemplos de invenções em todo campo, pelo menos de pequenas
invenções. Isto não pode se explicar pela suposição de que o inventor é o
instrumento que a sociedade emprega para satisfazer suas necessidades e a quem
recompensa pelo trabalho eficiente. Também não se pode explicar na base de
desejo individual de proveitos económicos ou de prestígio.
O
reconhecimento social e a esperança de recompensa são estímulo para a invenção,
mas não são os decisivos; deve haver mais alguma coisa a nível psicológico, que
leva o inventor a esforça-se em produzir coisas novas independentemente das
significações social que elas implicam.
O
inventor
Há
uma tomada de consciência das deficiências cultural existente nos seios do
próprio grupo. E geralmente esta tomada de consciência assumida por alguém que
podemos considerar em certo sentido fora do normal: estas pessoas, que chamamos
inventor, sobressaem pela percepção das falhas e pelo esforço deliberado
utilizado em ordem superá-la. O inventor não é um agente inconsciente, dominado
e dirigido pela sociedade. Nem ele domina a sociedade porque o clima ainda não
é propício, não estão criadas todas as condições para a sua incorporação no
grupo em questão.
Normalmente
na base de uma invenção e do esforço do agente (s) a motivações pessoais e
factores grandemente complicado e um conjunto complexo de circunstâncias.
Classificação
As
invenções se podem classificar, segundo R. LINTON, em:
a)
Descritiva:
a)
a)
Tecnológicas (a invenção da roda, do telefone da electricidade, da televisão,
internet, etc;
b)
Sociais
(os sistemas de parentesco, de casamento, as organizações comunitarismos
sistema de economia e de governo, etc);
c) As religiosas (expressões religiosas,
formas de culto, veneração, oração, sacrifício ritual, etc.).
b)
Finalistas
a) Invenções básicas:
Se
trata daquelas invenções que envolve aplicações de um novo princípio ou de uma
nova combinação de princípio. É básica no sentido em que abre novas
potencialidade de progresso e se destina, no decorrer normal dos acontecimento,
a tornar-se fundamento de toda uma série de outras invenções. Exemplo: o arco,
a roda, o tubo de vácuo. Uma invenção se classifica como básica sempre que ela
se tornar o ponto de partida de uma linha divergente de invenções.
Normalmente
as invenções básicas são resultado do trabalho de inventores consciente
(exemplo: aplicação de um certo produto, aplicado mais tarde a processos
diferentes), pelo que a influencia do inventor é certamente dominante. Na
verdade, explica LINTON, as invenções básicas são valiosas, principalmente como
ponto de partida para serie de invenções de aperfeiçoamento. Muito poucas são
eficientes ou satisfatórias na condição em que pela primeira vez aparecem.
Exemplo:
os primeiros automóveis, ao princípio eram poucos eficientes mais tarde é que
se tornaram verdadeiramente úteis e eficientes;
b) Invenções de aperfeiçoamento, trata-se
da modificação de algum invento anterior, levada e termo com o objectivo de
aumentar a sua eficiência ou de torna-la aplicável algum novo fim. Exemplo: o
telefone. As invenções de aperfeiçoamento podem provir de inventores
conscientes ou inconscientes.
O
progresso cultural deve-se em grande parte, com muita probabilidade, a
processos mais simples de aperfeiçoamento gradativa de inventos anteriores e ao
desenvolvimento de novas aplicações dos mesmos.
Algumas
invenções de aperfeiçoamento podem chegar ao ponto de tornar uma invenção uma
coisa muito diferente do original. Exemplo, o arco, a roda e ouros. Por esta
razão não se deve classificar qualquer aplicação como sendo resultado de uma
invenção básica consciente, a não ser que a sua história seja conhecida.
Ambiente cultural
Dá-se
uma associação estreita e permanente entre inventor e a sua obra e o ambiente
cultural próprio: nele surgem as invenções e nele devem funcionar; de facto o
conhecimento incorporado em toda invenção provem do ambiente cultural do
inventor na sua maior parte e todo inventor age sobre o património de
conhecimento previamente adquiridos. Tudo o que é novo afirma LINTON, provem
directamente de outras coisas preexistentes.
Em
certo sentido pode se afirmar que a cultura em que age o inventor limita a sua
acção. Certas invenções seriam incompreensíveis fora do ambiente cultural onde
surgiram, pelo que cultura fornece, o que poderíamos chamar, os instrumentos de
trabalho e ao mesmo tempo controla o rumo da invenção. Em base a este princípio
fala-se de interesses culturalmente estabelecidos pelo que uns povos focalizam
certos aspectos e outros, aspectos diferentes.
O processo da difusão
Analisemos,
por exemplo, que fazemos diariamente desde que nos levantamos até a noite (a
limpeza, o vestuário a alimentação, o trabalho).
Em
igualdade de condições, os elementos culturais serão adoptados primeiro pelas
sociedades que estiver mais próxima dos pontos de origem de um determinado
traço cultural
Este
princípio resulta da necessidade de contacto e de tempo para que um traço
cultural seja difundido. Vários exemplos na história, por exemplo, o alfabeto: Decemitas
afenicios e destes a gregos e logo a romanos e de mais povos.
Princípios das
sobrevivências marginais
Os
traços culturais vão-se estendendo a outras sociedades, começando pelos mais
próximos, como vimos que é próprio do processo de difusão cultural. Em quanto
se vai dando a difusão a uma ou mais culturas, ou bem directamente ou através
da medição de outras, não cultura onde teve origem o traço cultural em difusão
dão-se modificações de varias índole que podem levar a uma reformulação ou ate
desaparecimento de traço que foi difundido, em quanto se mantém vivo na cultura
em que foi assimilado, que chamamos “cultura marginal”, isto é, a cultura que
esta mais longe da original.
Princípio da disseminação irregular
A
disseminação de traços culturais nunca se da de uma maneira constante e uniforme
e ate a disseminação de traços culturais provenientes de uma mesma fonte
original tem comummente um desenvolvimento diferente. Exemplos: o cultivo do
milho e a cerâmica. Um grupo intermédio interposto entre um grupo difusor e um
outro receptor, pode tornar-se barreira ate travar a difusão. Pelo que podemos
afirmar que os traços culturais se disseminam irregularmente.
Grupos de elementos
A
difusão de um só traço cultural dificilmente acontece. O normal é que difundam
grupos de elementos culturais, um traço cultural leva mais ou outros traços na
sua difusão. Por exemplo o tabaco. Define-se o vegetal, o seu cultivo, as
técnicas de preparação a distribuição e o comércio e a sua aplicação a outros
campos. Ou a difusão de uma dança com a musica que a acompanha, os instrumentos
musicais, a composição escrita, e outros parecidos. O modo de dançar,
coreografia própria, os tempo apropriados, as pessoas que podem dançar, os
sentimentos que provocam.
Os agentes
Chamamos
pólo doador a cultura de origem de traços em difusão; em enquanto cultura se
assimila no seu património o traço em difusão recebe o nome do pólo receptor.
Em ordem à mudanças cultural considerada de maior importância o pólo receptor.
As fases
No
processo de difusão cultural dão-se três fases. A primeira fase consiste na
apresentação do elemento (s) culturais que se difundem e que implicam contactos
culturais de alguma entidade; este elemento pode formar grupos completos, havendo
entre eles uma certa coesão e unidade; ou podem ser elementos esporádico, isto
é, que não estão no processo constantemente, ou que aparecem de modo fortuito; e
podem ser elementos isolados, isto é, traços em difusão através de contacto de
um indivíduo. A segunda fase deste processo consiste na aceitação dos elementos
em difusão por parte da cultura receptora. A terceira fase é o período final da
integração dos elementos em processo de difusão na cultura receptora, que os
assimila no seu património, reformando-os e fazendo uma ova síntese cultural.
Factores que influenciam
Consideremos
como factores importantes no processo de difusão, em primeiro lugar os
contactos entre a sociedade que origina o processo e a que conclui, pois sem
contacto não se da difusão. Em segundo lugar, destacamos o factor tempo, pois o
processo sócio-cultural é muito demorado, requerem muito tempo, uma ou mais
gerações, ate que o processo alcance o seu objectivo. Em terceiro lugar,
destacamos a comunicabilidade intrínseca do elemento cultural em questão; de
facto, a traços culturais que pela sua índole se difundem mais facilmente do
que outros. Em quarto lugar, salientamos que os elementos técnicos são mais
fácies de difundir do que os sociais. Por exemplo, uma maquina, um carro, a
televisão, a internet, se defendem mais facilmente que o casamento de pessoas
de cultura diferentes ou a mudança do sistema politico; e o elemento económico
sempre será mais fácies de difundir do que os elementos religiosos.
Dificuldades da incomunicabilidade
O
processo de difusão cultural pode ser obstaculizado por factores ocultos que é
necessário descobrir com uma análise apurada e atenta. Se trata em primeiro
lugar das emoções, sentimentos e mais outras reacções psicológicas ligadas a
padrões de comportamento enraizados fortemente na própria cultura. Outras vezes
o obstáculo poderá ser constituído pelo conceito latentes no comportamento, mais
dificilmente manifestos; também neste caso será necessário uma reflexão adequa
da para o seu conhecimento. Em terceiro lugar os obstáculos do processo de
difusão cultural poderão ser os valores e os significados também ocultos da
própria cultura.
Reacção do grupo receptor
Ao
analisarmos os efeitos provocados pelo processo de difusão cultural na cultura
receptora, devemos começar pelo grau de liberdade e de voluntariedade presentes
em todo processo. Se faltarem estas condições estaremos perante um processo de
transferência etnocêntrica e unidimensional de elementos culturais. A seguir se
devem analisar os factores que controlam a receptividade e a utilidade dos
elementos de difusão, a compatibilidade destes elementos com a cultura que
recebem; o prestígio e a fama da cultura difusora; e, finalmente o aspecto de
novidade, a moda, o uso e o gosto da maior parte dos membros da sociedade.
O Processo da aculturação
Uso
do termo aculturação: Na psicologia o termo aculturação é usado no sentido que
na antropologia se dá ao processo de enculturação; na sociologia se usa no
sentido de “socialização”; e na pedagogia no sentido de “educação” ou
condicionamento.
Os
antropólogos americanos do fim do século XIX começarão a usar o termo
aculturação no sentido de empréstimos culturais (J. W. Powel), disseminação
cultural (F. Boas). Em pleno século XX, M. Herskovits usa o termo aculturação
no sentido de transmissão cultural em marcha; e M. Titiev no sentido de”
processo de mistura de cultura”. Para o estudioso italiano Italo Slignorelli a aculturação
é um processo que conduz a assumir em tudo ou em parte, modos de cultura de um
outro grupo. O brasileiro Marcos de Lima disse que a aculturação é o fenómeno
de aproximação e contacto entre duas culturas, acontecendo influências e
transformação mutuais.
OS
autores anteriormente citados sublinharão alguns dos aspectos do processo de “aculturação”.
Mais achamos que a definição do conselho de ciências sociais do Estados Unidos
e mais completa e esclarecedora.
Esta
entidade define a aculturação do seguinte modo:”Aqueles fenómenos surgidos onde
grupos de indivíduos que tem culturas diferentes entram em contactos continuo
de primeira mão, com subsequentes mudanças nos padrões da cultura original de
um dos grupos ou de ambos”.
Generalidade
Se
trata de um processo dos mais característicos do dinamismo cultural. Evidenciamos,
em primeiro lugar, os agentes do processo, os agentes deste processo são grupos
sociais mais ou menos grandes, que pertencem a culturas diferentes.
A
seguir destacamos o que chamamos contactos de primeira mão nos referimos a
serie de acções mais variadas (em comerciais, sociais, politica, militares ou
religiosas), atrevez das guias as sociedades entram em relação directa, favorecendo
o conhecimento e experimentação dos elementos culturais de cada uma. Em
terceiro lugar, relevamos que este relacionamento inédito deve ser prolongado
no tempo e no espaço em ordem a permitir o confronto entre os traços culturais,
a selecção de alguns deles e a rejeição de outros de tal modo, reformulando-se
leve a síntese, produzindo-se um novo padrão cultural e o respectivo
comportamento em cada um dos grupos com maior ou menor intensidade.
Em
qualquer contacto os povos que dele participam tomam mutuamente emprestado. Uma
posição que não admite-se este princípio, seria psicologicamente insustentável.
O ser humano e, consequentemente os grupos humanos nunca são totalmente
passivos nos processos culturativos. A história é testemunha de que ate os
escravos e prisioneiros e povos colonizados reagiram a sua situação de uma
maneira eficaz, ate ao ponto de mudar ou influenciar em graus diferentes na
mudança cultural da sociedade dominante. Há abundantes provas históricas de que
as culturas dos mais diversos povos colonizados resistiram em maior ou menor
grau as investidas dos colonizadores. De facto, traços linguísticos, alimentadores,
artísticos, laborais e religiosos de povos dominados, foram assumidos pelos
povos dominantes.
A
noção “aculturação” não implica nunca que as culturas que entram em contacto se
devam distinguir como sendo uma delas superior à outra.
Chama-se
grupo dominante a sociedade que nos contactos directos impõe mudanças nos modos
de vida da outra sociedade. Trata-se neste caso de alguns autores chamam
“tansculturação”, isto é, de acções etnocêntricas e unidimensionais de uma
cultura de facto dominante numa outra cultura. São situações que vão se
repetindo uma e outra vez da história: a expansão da babilónia, o império
romano, a dominação árabe o domínio dos incas, o colonialismo europeu, a extensão
do império mongol, a invasão dos povos nilóticos, as migrações. Bantus, o
expansionismo soviético, chinês, americano.
À
parte a maior dominação de um povo sobre outro, as situações registadas pela história
diferenciam-se entre elas em grau (maior ou menor intensidade de dominação e
submissão), mas não em género, pois se tratou sempre de tentar de reger os
modos de vida de um outro povo. Mais mesmo em situações de domínio alem da
inevitável perca de valores culturais no povo dominado, dê-se ao mesmo tempo
transferência de elementos culturais entre os povos que se relacionaram e
(entraram em contacto de primeira mão).
Tipos de contactos
No
processo de aculturação os contactos podem ser classificados pela grandeza dos
grupos, isto é, podem entrar em contacto sociedade inteiras, ou seguimento das
sociedades, ou agrupamentos menores ou ate só indivíduos. Exemplo: se pode dar
o caso de sociedade que vem-se obrigada a mudar de habitat por causa de
catástrofes naturais (inundações, secas, terramotos); outras fogem ao perigo da
guerra; há grupos que se deslocam dentro do próprio pais de ou outros que
emigraram ao estrangeiro; há pessoas que viajam por turismo, outras por
estudos, comercio ou por motivos religiosos; há também que se exilia por
motivos politica.
Neste
mesmo processo de aculturação também se deve ter em conta a qualidade do
acolhimento, tendo em conta principalmente as atitudes dos grupos em contacto. O
contacto pode ser teor benévolo, isto é, que se realiza em um clima pacífico, impede
igualdade de estima mútua, sem pretensões de qualquer tipo de domínio, seja ele
político, económico ou cultural. E em igualdade de recursos culturais. São os
contactos que chamamos de “igualdade de atitudes”. Mas os contactos também
podem ser de teor negativo, isto é, agressivos, hostis, violentos, com claras
intenções espacionistas e de domínio em alguns dos vários sectores: a vontade
de impor uma ideologia, um sistema político, um sistema económico, expressões
culturais e ate e imposição de uma religião.
Em
terceiro lugar também se deve analisar a paridade ou equivalência dos
contactos. No processo de aculturação, os grupos que se encontram em contacto
pode ser os dois da mesma grandeza: uma sociedade com outra sociedade, um
seguimento com outro seguimento, um agrupamento menor com outro agrupamento
menor. Pode acontecer que os contactos se dêem entre grupos desiguais pela
grandeza: uma sociedade entra em contacto com parte de uma outra sociedade, ou
vice-versa; ou um individuo que entra em contacto com uma sociedade ou parte de
uma sociedade há demasiados exemplos na história nos quais pequenos grupos
influenciam grupos maiores, ou grupos grandes não conseguiram influenciar
grupos mais pequenos. Pelo que o tamanho dos grupos em contacto e um factor
importante no processo aculturativo, embora não decisivo.
A
equivalência entre os grupos que entram em contacto também se pode analisar
pela complexidade cultural. Nos referimos aos contactos através de um elemento
cultural mais simples em relação aos elementos mais complexos que se podem
encontrar no outro grupo em questão.
Os
traços religiosos normalmente são mais complexos que elemento técnicos.
O
espaço onde se dão os contactos é um factor que condiciona o processo de aculturação.
Se podem dar de facto no próprio habitat ou no habitat do outro grupo. Este
aspecto e muito importante e não pode ser deixado de parte no estudo do
processo.
As culturas ou traços culturais resultantes
O
resultado do processo e que o elemento tomado por empréstimo se integre na
cultura receptora através de processo de mistura e fusão, tende como resultado
uma nova síntese cultural de comportamento. Esta e a dinâmica criadora das
mudanças culturais.
O
“empréstimo” é selectivo, isto é, os traços culturais apresentais nos contactos
podem se aceite ou rejeitados. O processo da aculturação não conclui sempre da
mesma maneira, isto é, incorporando pura e simplesmente novo elemento, não se
trata de uma operação mecânica, que colocando os factores, temos logo o
resultado. Tratando-se de um processo humano, são muitos os factores que o
integram e muito diferente do resultado. Depende sempre de caso para caso.
O processo da desculturação
Com
o termo desculturação (derivado de “descultura”, com significado de “falta de
cultura”), referimo-nos aos aspectos negativos da dinâmica cultural.
Nos
contactos culturais há sempre perca de elemento mais ou menos importante nas
cultuar participantes no processo, como também há traços que se vão perdendo a
causa do crescimento normal da própria cultura e das situações histórica em que
se vai encontrando. A tudo isto chamamos subtracção e destruição em diversos
graus de património cultural.
Causas
Analisamos
o fenómeno da desculturação, encontramos as seguintes causas:
a) Causas internas:
se trata da perda natural de energia dos elementos de uma cultura, isto é, com
o tempo se reduz a força dos indivíduos e da sociedade em geral em relação a
alguns traços culturais, e contemporaneamente vai-se eliminando a vitalidade
dos mesmos (perdem actualidade, vão ficando sem significado, já não dizem nada
à gente, não despertam mais nenhum sentimento), de tal maneira que se, não
houver um processo regenerador, caem em desuso e desaparecem. É o caso de
certas mudanças linguísticas, de hábitos familiares, da maneira de trabalhar,
de divertir-se e nos outros traços e instituições sociais;
b) Causas externas:
crises originadas por contactos culturais. Nos referimos `as crises culturais
originadas pelos contactos culturais. A dinâmica cultural provoca constantes
reformulações no interior das culturais, que implicam selecção e integração de
novos elementos e contemporaneamente rejeição e abandono de alguns traços da
própria cultura. As crises têm efeitos contrastantes segundo a natureza dos
encontros (pacifica ou violenta, livre ou opressiva). Pode-se afirmar que uma
novidade, que surge em qualquer sector da vida (económico, politico, técnico,
social ou religioso), traz consigo inevitavelmente uma quebra de maior ou menor
grau na identidade cultural. Mas, como nos lembra B. Bernardi, a autenticidade,
por assim dizer pura, tem de facto um valor em certo qual senso relativo, pois
a cultura movimenta-se e transforma-se, do contrario desapareceria.
Modalidades
A
desculturação acontece de maneira imperceptível e lenta, afectando apenas a um
ou outro traço cultural. Desta maneira subtil vai mudando o estilo da vida de
uma comunidade. Na pratica observando o que já deixou de pertencer à cultura
viva de um povo. Por exemplo, o uso do batuque fora do contexto ritual de uma
época, assume hoje significado diferentes aos originais. Perdeu em parte ou
totalmente o seu significado original. E outros casos semelhantes.
Tais
fenómenos, por si só, assinalam de facto, o desaparecimento de traços culturais
em questão, pelo que se tornam verdadeiros índices de desculturação.
O
fenómeno é mais imperceptível ainda na transformação da língua, segundo B.
Bernardi. A língua, de facto, adequa-se a várias situações existenciais que se
vão apresentando, adaptando com facilidade novos vocábulos para novas
realidades e abandonando com a mesma facilidade outros. É um processo demorado,
mas implacável.
Por
outro lado, há também fenómenos que acontecem de maneira traumática. Tais
fenómenos disseminem sangue e lágrimas: episódios de genocídio, de extermino
trágico de pessoas e populações, associados muitas vezes ao calculo programado
de destruição de culturas. Nos queremos refir ao colonialismo de todos os
tempos da humanidade, ao trafico d escravos, ao racismo, aos campos de
extermíninazis ás guerras étnicas de ontem de hoje, são a vergonha da
humanidade, de quem os praticou ou pratica, de quem aprovou ou aprova, de quem
constitui ou consiste, de quem silenciou ou silencia.
A
doutrina aberrante da superioridade da raça, com a qual se identificava
cultura, era tida como critério absoluto de juízo. Durante o colonialismo em
tantas partes do mundo, muitas expedições punitivas ou sarcasticamente chamadas
“pacificação de territórios”, eram verdadeiras represarias de extermínio. Os
últimos casos de genocídio assinalados nos nossos dias apresentam-se com a
mesma gravidade dos tempos passados, tanto na Europa, como na Ásia, na África e
na América. Temos exemplos por toda parte. A maneira sistemática como se
processam todas essas acções, visava a supressão total de um certo modo de
entender a vida e a sua substituição por um outro entendido superior.
Desculturação parcial e total
Dá-se a
desculturação parcial quando em qualquer dos processos da dinâmica cultural,
seja do teor que for, a perda de elementos culturais é de menor intensidade e
pode ser assumia criativamente pela cultura.
Em quanto a desculturação será total, quando os encontros
culturais provocarem acções destrutivas de tal entidade que atingem todo o
património cultural na sua complexidade.
Também pode haver desculturação será total por causa
endógenas, isto é, quando uma cultura se fecha sobre si mesma, excluindo toda a
comunicação cultural. Neste caso dá-se uma deterioração lenta, contínua e
imperceptível, que vai correndo por dentro a própria cultural até perder toda a
vitalidade e morrer.
O processo da Globalização
Importância
e actualidade do processo de globalização
Tendência
do ser humano e das sociedades
A
globalização como compreensão e tomada de consciência do mundo como um todo, é
tão antigo como a história da humanidade e das culturas, que se pode considerar
como uma sequência de pequenas globalizações. Aprofundando mais neste tema, L.
Boff afirma que a globalização esta presente na tendência de expansão do ser
humano. Movimentos preocupados com a unificação do mundo como um todo têm
surgido antigamente. Lembremos apenas o que escreveu o autor latino Políbio, na
sua História Universal, por volta do século II, falando do Império Romano: “anteriormente, as coisas que aconteciam não
tinham nenhuma conexão entre si…” porem a partir de então, todos os eventos
estão unidos num feixe comum”.
A sistematização e transformação do processo de
globalização em verdadeiro projecto começou praticamente a partir do século
XVI, com o expansionismo europeu, numa fase inicial que podemos chamar “idade
de ferro da globalização”, e que tinha como objectivo a ocidentalização do
mundo, visando impor a cosmovisão europeia da natureza, da pessoa, da sociedade
de Deus. Alguns indicadores gerais do processo que chega até aos nossos dias
são: a aceptação das ideias em relação a humanidade, o nascer da geografia
moderna, as comunicações transnacionais, a admissão crescente das sociedades
não europeias na sociedade internacional, primeiras tentativas do problema da
modernidade, as guerras mundiais, a criação das Nações Unidas, a descida do
homem na lua, os mace média, a queda do outro de Berlim com o correspondente
fim dos blocos ideológicos (guerra fria), os sistemas económicos mundiais.
Actualidade
Nas duas últimas
décadas do século XX é que se intensificou o estudo sobre a complexidade do
fenómeno da globalização das suas componentes fundamentais e das suas
incidências na sociedade. É algo que está intimamente unido à modernidade. A
globalização contemporânea alcançou um ponto tal de clareça e de importância
que se tornou predominante na determinação de padrões de comportamento na nossa
sociedade. O nosso tempo é verdadeiramente global do qual ninguém pode fugir.
Há também uma forte tendência a reduzir o processo de globalização a factores
económicos e tecnológicos, diluindo, como afirma R. Robertson, “a riqueza de ideias multidimensionais
implicadas no seu sentido sociológico original e, até certo ponto, no seu uso
antropológico”.
É por isso que se torna necessário alargar a nossa visão
para reflectir sobre mais outros factores estruturais deste processo, entre os
quais sobre saem os factores culturais e outros interdisciplinares. Neste
sentido afirma-se que a pesar de importância capital das questões económicas
nas relações entre a: sociedade, tal relacionamento esta intimamente associado
à cultura e aos contextos históricos.
Uso do
termo globalização
O Oxford Dictionary
Of New Words, regista “global” como uma palavra nova e nota a influencia
exercida pela ideia de “aldeia global”, usada por Marshall McLuhan 1960. Global
corresponderia a Mundial, total. Podemos encontrar mais outros termos, como por
exemplo “reglobalização”, que se refere ao esforço por restabelecer uma forma
diferente de globalização; “desglobalização”, desejo de desfazer a compreensão
do mundo; “globalismo”, comentário negativo da globalização; “glocalização”, o
global no local. O uso do substantivo “globalização” se expandiu na década dos
anos 80, referindo-se à tendência de vários fenómenos, especialmente
económicos, de assumir uma dimensão mundial.
O conceito de globalização: o mundo como um todo
O processo
de globalização se pode definir como a tendência de fenómenos económicos,
culturais, e mais outros a assumir uma dimensão mundial, superando os confins
nacionais e continentais. R. Robertson explica que a globalização que se refere
ao mesmo tempo à compreensão do mundo e à intensificação da consciência do
mundo como um todo.
Em primeiro
lugar, a globalização é conceito basicamente económico, em segundo lugar a
globalização é considerada como uma ameaça à identidade e as tradições dos
povos e até ao desenvolvimento económico, se ficarem fora do processo.
O mundo como um todo,
do ponto de vista da antropologia se considera a globalização como um processo
que proporcionou a modernidade, e não o contrario como muitos vagamente
afirmam. Ela se oferece a compreensão temporal e espacial do mundo como um
todo. Questões de domínio económico ou de ocidentalização não são a base, mas
componentes entre outras, de todo um processo social geral. A longo prazo, não
se pode ignorar as contribuições no processo geral de cada uma das culturas e
sociedades no nosso mundo. A entidade de tal contribuição dependera de vários
factores.
Reducionismo
económico, é necessário ter em conta o fenómeno económico como
aspecto geral de todo processo. É o que podemos como “reducionismo económico”
da globalização. Não podemos considera-la em molde unicamente económicos, mas a
influencia da economia é tal que, este traço em si mesmo sectorial, penetrou na
mentalidade geral como a única ou a mais importante das perspectivas. De facto,
não podemos negar a importância, o significado e o valor da economia para a
sociedade actual. Tornou-se o traço central de todo o processo.
Aspectos
culturais, consideremos mais profundamente o processo. As relações
económicas estão sujeitas à cultura. Não se pode entender as relações
internacionais sem ter presente o peso específico e fundamental das questões
culturais, sejam elas hostis ou amigáveis. De facto, a multiculturalidade
tornou-se componente fortemente significativa nas relações internacionais e no
desenvolvimento dos povos. As questões de política e de economia estão
entrelaçadas com a problemática cultural: os modos diferentes como as
sociedades vão entrando na modernidade, os ritmos, os êxitos ou fracassos dos
próprios programas económicos e financeiros.
O Processo
A
globalização alcançou um ponto bem definido, estabelecendo determinados padrões
de comportamento. O processo se realiza, segundo L. Boff, em três vertentes.
Vertente económica (o processo
económico)
As
economias hoje são independentes, desenvolvendo-se em mercados regionais que
estão integrados mundialmente. Esta vertente é dinamizada por:
a)
Mecaconglomerados
e corporações de toda ordem, que ultrapassam o controlo dos estados;
b)
Continetalização
das economias: um contexto maior da globalização, que tem como
consequências directas conflitos económicos, concorrências que estimulam os
avanços da tecnologia, a crise ecológica, a desigualdade entre os povos;
c)
Elites
orgânicas transnacionais: com consequências directas de
relativização do papel do estado.
Vertente
política (processo politico)
A democracia assumida como valor universal no
relacionamento entre indivíduos e entre as diversas instituições sociais e como
forma de organização dos estados. Os fenómenos que acompanham esta vertente são
os mídia, as armas nucleares e químicas e a crise ecologia.
Vertente
espiritual (consciência planetária)
Formamos uma única entidade, o ser humano e a terra, o
homem e a mulher. A pessoa humana como a síntese dio cosmos que caminha, que
pensa, que fala e que ama. Dá-se uma consciência planetária. Estamos todos
interligados. Esta consciência vai lentamente criando uma espiritualidade, no
sentido de uma atitude humana de respeito e de veneração do universo e pela
vida. Se percebe uma sede de espiritualidade do encontro como o elo perdido,
que permite uma experiencia de religião de todas as coisas e todas experiencias,
conferindo o sentido e harmonia a tudo.
Conclusão
As
culturas estão em constantes mudanças, um dos factores que influencia neste processo
é a globalização. Deste ponto de vista podemos afirmar que embora algumas
culturas pareçam estabilizadas e inertes a influências culturais externas,
estão sujeitas a herdar traços das culturas próximas. No entanto, o grupo
procurou englobar todo o processo cultural.
Todavia,
tendo em conta que a ciência é dinâmica, e que a cada dia novas descobertas
surgem, sugerimos ao leitor a apoiar-se deste trabalho como uma fonte de
inspiração a pesquisas mais aprofundadas.
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